Rafael Rodrigues Costa Os mais de quarenta anos de Brasílio Itiberê dedicados à carreira diplomática podem ter lhe valido as maiores honrarias de Estado em seu sepultamento. Mas foi uma peça de pouco mais de sete minutos, composta enquanto o parnanguara ainda era estudante, o que garantiu seu verdadeiro lugar na história do país. “A Sertaneja”, uma fantasia criada sobre “Balaio, Meu Bem, Balaio”, precede em décadas a utilização da tradição popular na música de concerto brasileira ao incorporar uma cantiga do folclore tropeiro. “No Brasil, todos os outros ainda estavam compondo no estilo europeu”, explica a historiadora social da arte Elisabeth Prosser. “Outros compositores, como Heitor Villa-Lobos (1887-1959), também fariam isso, mas meio século depois”, ressalta. Para Gehad Hajar , que é pesquisador do grupo de estudos de música paranaense da Unespar, este pioneirismo permite afirmar que Itiberê inventou a música brasileira. “Isto é reconhecido pelos musicólogos desde