Por Fernando Molica
Na sexta, 1o de novembro, haverá a estreia de uma ópera composta há 108 anos. Depois de passar mais de um século encaixotada, 'Marília de Dirceu', de Julio Reis, será mostrada ao público na abertura da quinta edição do Festival de Ópera do Paraná, evento criado e conduzido por Gehad Hajar. No ano passado, o mesmo festival promoveu a estreia de 'Sóror Mariana', outra ópera de Julio Reis, composta em 1920.
A apresentação dessas duas obras ilustra a dificuldade de tantos e tantos criadores - músicos, artistas de um modo geral -, que penam para fazer com que seus trabalhos sejam conhecidos pelo público. 'Sóror Mariana' - que será reapresentada este ano - é um caso exemplar. Ainda nos anos 1920, Julio Reis conseguiu que o Senado aprovasse uma verba destinada à montagem da ópera, ele morreu em 1933, sem conseguir que o dinheiro fosse liberado.
Soube de histórias ligadas a JR por uma questão familiar - sou bisneto dele. Ao longo de muitos anos, acompanhei a luta de meu avô materno, Frederico Mário dos Reis, para tentar fazer com que composições de seu pai fossem executadas.
Ao longo de dezenas de anos, ele enviou cartas para jornais e para autoridades, procurou músicos - eu cheguei a acompanhá-lo num encontro com um famoso maestro, a quem foi entregue cópia da partitura do poema sinfônico 'Vigília d'Armas`. Ele examinou a obra, a elogiou, e nunca mais deu qualquer retorno. Meu avô, pianista amador, de limitados conhecimentos musicais, morreu há quase 30 anos, morreu sem voltar a ouvir qualquer composição de seu pai.
Durante anos pensei em escrever sobre a saga de JR. Em 2012, enfim, publiquei pela Record o romance 'O inventário de Julio Reis'. No mesmo ano, o maestro Branco Bernardes, então regente da Orquestra Sinfônica da UniRio, incluiu 'Vigília d'Armas' em um concerto.
Contratado pela editora para tocar músicas de JR no lançamento do livro, o pianista João Bittencourt ficou tão entusiasmado com as polcas, mazurcas e valsas que resolveu - e conseguiu - gravar um belíssimo CD, 'João Bittencourt apresenta Julio Reis'.
Gehad Hajar tomou conhecimento do romance, e procurou saber mais do compositor. Há alguns anos ele me ligou, falou de sua intenção de montar algumas das óperas do meu bisavô. Na época, eu já havia atendido a um pedido do meu avô, e doara todo o acervo de JR - partituras, livros, recortes de jornais - para a Biblioteca Nacional. A BN cumpriu seu papel de instituição pública, e digitalizou todas as partituras, hoje disponíveis em seu site.
Bem, 'Marília de Dirceu' e 'Sóror Mariana' serão apresentadas, dias 1 e 2, no Teatro Londrina, em Curitiba, pela Companhia Paranaense de Ópera, A direção musical é de - Elena Moukhorkina Moreno e a direção geral, de Gehad Hajar. A entrada é franca - mais detalhes, no site do evento. Apareçam.
Ah, 'O inventário de Julio Reis' pode ser encontrado na Amazon por R$ 14,46. Outras livrarias listadas no site da própria Amazon oferecem o romance por preços ainda inferiores.
https://fernandomolica.com.br/a-estreia-de-uma-opera-centenaria/
Na sexta, 1o de novembro, haverá a estreia de uma ópera composta há 108 anos. Depois de passar mais de um século encaixotada, 'Marília de Dirceu', de Julio Reis, será mostrada ao público na abertura da quinta edição do Festival de Ópera do Paraná, evento criado e conduzido por Gehad Hajar. No ano passado, o mesmo festival promoveu a estreia de 'Sóror Mariana', outra ópera de Julio Reis, composta em 1920.
A apresentação dessas duas obras ilustra a dificuldade de tantos e tantos criadores - músicos, artistas de um modo geral -, que penam para fazer com que seus trabalhos sejam conhecidos pelo público. 'Sóror Mariana' - que será reapresentada este ano - é um caso exemplar. Ainda nos anos 1920, Julio Reis conseguiu que o Senado aprovasse uma verba destinada à montagem da ópera, ele morreu em 1933, sem conseguir que o dinheiro fosse liberado.
Soube de histórias ligadas a JR por uma questão familiar - sou bisneto dele. Ao longo de muitos anos, acompanhei a luta de meu avô materno, Frederico Mário dos Reis, para tentar fazer com que composições de seu pai fossem executadas.
Ao longo de dezenas de anos, ele enviou cartas para jornais e para autoridades, procurou músicos - eu cheguei a acompanhá-lo num encontro com um famoso maestro, a quem foi entregue cópia da partitura do poema sinfônico 'Vigília d'Armas`. Ele examinou a obra, a elogiou, e nunca mais deu qualquer retorno. Meu avô, pianista amador, de limitados conhecimentos musicais, morreu há quase 30 anos, morreu sem voltar a ouvir qualquer composição de seu pai.
Durante anos pensei em escrever sobre a saga de JR. Em 2012, enfim, publiquei pela Record o romance 'O inventário de Julio Reis'. No mesmo ano, o maestro Branco Bernardes, então regente da Orquestra Sinfônica da UniRio, incluiu 'Vigília d'Armas' em um concerto.
Contratado pela editora para tocar músicas de JR no lançamento do livro, o pianista João Bittencourt ficou tão entusiasmado com as polcas, mazurcas e valsas que resolveu - e conseguiu - gravar um belíssimo CD, 'João Bittencourt apresenta Julio Reis'.
Gehad Hajar tomou conhecimento do romance, e procurou saber mais do compositor. Há alguns anos ele me ligou, falou de sua intenção de montar algumas das óperas do meu bisavô. Na época, eu já havia atendido a um pedido do meu avô, e doara todo o acervo de JR - partituras, livros, recortes de jornais - para a Biblioteca Nacional. A BN cumpriu seu papel de instituição pública, e digitalizou todas as partituras, hoje disponíveis em seu site.
Bem, 'Marília de Dirceu' e 'Sóror Mariana' serão apresentadas, dias 1 e 2, no Teatro Londrina, em Curitiba, pela Companhia Paranaense de Ópera, A direção musical é de - Elena Moukhorkina Moreno e a direção geral, de Gehad Hajar. A entrada é franca - mais detalhes, no site do evento. Apareçam.
Ah, 'O inventário de Julio Reis' pode ser encontrado na Amazon por R$ 14,46. Outras livrarias listadas no site da própria Amazon oferecem o romance por preços ainda inferiores.
https://fernandomolica.com.br/a-estreia-de-uma-opera-centenaria/