Fim de semana terá apresentação de quatro obras do gênero, incluindo a primeira produção do Teatro Guaíra em cinco anos
“La Bohème” inovou ao situar o enredo entre trabalhadores intelectuais, não entre a nobreza. Tragédia fala de amor, pobreza e a luta pela sobrevivência. Humberto Araujo/Divulgação.
Mesmo sem recursos, o Teatro Guaíra timidamente volta à produção de ópera, gênero em que já foi um expoente. O Guairinha sedia de 20 a 22 de novembro um festival com quatro produções, sendo uma da casa (“La Serva Padrona”).
A idealização do evento é da Guairacá Cultural, de Gehad Hajar, e traz duas obras paranaenses.
A abertura será feita pela maior das produções nesta sexta-feira (20). “Marumby” estreou na Capela Santa Maria em agosto após a recuperação das partituras originais do compositor curitibano Benedicto Nicolau dos Santos. Datada de 1928, trazia inúmeros símbolos paranistas, como o pinheiro, o morro Marumbi e a neve.
Desde que estreou, Gehad Hajar, que dirigiu a montagem, percebeu interesse crescente por parte da comunidade acadêmica pela obra. “Já teve artigo científico e grupo de estudo formado sobre a ópera Marumby na [Escola de] Belas Artes”, conta.
Entre o público geral, o espetáculo também causou algum impacto. Um “flashmob” com cantores à paisana levou trechos da obra para a rodoviária em pleno embarque do último feriado. Hajar considerou o resultado empolgante. “Os motoristas paravam os ônibus para ouvir. Ópera é para todo mundo.”
Neste festival, “Marumby” terá algumas mudanças, como a ampliação do coro, uso de cabos de aço para trazer uma “fada” dos “céus” e colocação da orquestra
Completando as obras paranaenses, “Sidéria” será apresentada no domingo (22).
A ópera foi composta pelo curitibano Augusto Stresser em 1912, ou seja, representa a primeira produção operística local.
Assim como “La Bohème”, trata-se de uma tragédia. Apresenta um triângulo amoroso situado durante a Revolução Federalista, quando Curitiba e Lapa foram tomadas por tropas.
Europeias
No sábado, duas óperas de clima bem diferente serão apresentadas. “La Bohème” retrata jovens artistas famintos no inverno de Paris, em meio ao qual surge o amor entre Mimi e Rodolfo.
A obra de Giacomo Puccini inovou ao rejeitar os enredos sobre a nobreza, optando por trabalhadores intelectuais como personagens.
A montagem, com direção artística de Alex Wolf e musical de Priscila Malanski, foi realizada anteriormente pelo grupo Grutun!, da Unibrasil.
Na sequência, entra a comédia de Giovanni Battista Pergolesi “La Serva Padrona”. No enredo, uma empregada de seios fartos seduz o patrão, avançado em idade, e aos poucos se apodera da casa.
A montagem, tocada pelo Guaíra, foi realizada anteriormente no projeto Comboio Cultural, que levava arte ao interior do estado, e em outra remontagem, voltando agora para a direção cênica de Edson Bueno (de “Capitu”). Cenários, figurinos e disposição do palco estão todas diferentes: como num pequeno teatro de gabinete, o elenco sai do cenário e se dirige à frente do palco, onde um piano executa as composições.
Tudo se passa numa cozinha, enquanto os figurinos fazem uma releitura do clássico. Além da presença dos dois cantores, o ator Robson Souza interage com as cenas utilizando mímica.
Acústica
A diretora do Guaíra, Monica Rischbieter, celebra a produção de ópera após cinco anos de intervalo, e diz que o Guairinha é o auditório ideal. “É um dos principais do país quando se trata de acústica”, diz.
Programe-se
Dia 20, às 20h
“Marumby”. Entrada franca.
Dia 21, às 18h
“La Bohème”. R$20 e R$10
Dia 21, às 20h
“La Serva Padrona”. R$20 e R$10.
Dia 22, às 18h
“Sidéria”. R$20 e R$10.
Guairinha (R. XV de Novembro, 71 – Centro), (41) 3304-7982