Pular para o conteúdo principal

Prefácio ao livro "O Poeta e a Nuvem Menina", de Isabel Sprenger Ribas


Temos por axioma o suspiro de Ferreira Gullar: A cidade está no homem, quase como a árvore voa, no pássaro que a deixa.

Como desvendar as memórias da cidade que estão em nós, e quantas de nossas memórias hão de vagar pelas almas de nossos velhos caminhos, hoje agitadas ruas e avenidas?

Na certeza que quem memora acaba agindo por resistência, a menina Isabel moradora da velha Rua do Rio, hoje avenida Mariano Torres, novamente hasteia barra do vestidinho de cambraia, para se aventurar em jornadas com a piazada no caudal do rio Belém, hoje canalizado sob a via.

Muito querida – chamada de ‘ovo de duas gemas’ por sua mãe – foi educada em sua casa pela saudosa professora Miraci Cardoso de Brito, coetânea de Helena Kolody no Instituto de Educação, que desde então aprendeu a valorar a memória e seu registro.

Kolody, a grande mestra quem a jovem Isabel pediu para que escrevesse uma poesia para o namorado, aconselhou que ela própria transcrevesse o pulsar de seu coração em palavras. O namorado tornou-se marido. E o conselho persiste até hoje em suas inúmeras obras literárias. 

Novamente Isabel Sprenger Ribas levanta a veste de cambraia como quem desfralda uma janela ao passado, para que não seja molhada pelo esquecimento, e que seus pés toquem a água que verte como seu amor pelo Paraná que nasceu.

O Poeta que conversa com a Nuvem Menina, envolta pela água que faz desta urbe alma de úmida prosperidade, é um suspiro de todas as meninas e meninos que, dentro de nós, são a Cidade de Curitiba.

Gehad Ismail Hajar
Editor 



Postagens mais visitadas deste blog

Curitiba já foi capital do Brasil e é mais antiga do que se imagina (Matéria do Jornal Comunicação On-line - UFPR)

Pesquisadores revisitam a história da cidade e apontam fatos históricos desconhecidos pela população Reportagem: Felipe Nascimento Edição Renata: Portela Responda a seguinte pergunta: quais cidades foram capitais do Brasil? Um bom estudante de história responderia Salvador, Rio de Janeiro e Brasília. Mas o que poucos sabem é que Curitiba já foi oficialmente capital brasileira. Esse é somente um dos fatos históricos pouco conhecidos sobre a cidade apontados por dois pesquisadores da história do Paraná. Gehad Hajar, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, é um desses pesquisadores.  Ele está realizando a pesquisa “Curitiba: de povoado à capital do Brasil”, que deverá ser lançada em livro no segundo semestre de 2011. A cidade foi capital federal entre 24 e 27 de março de 1969, época em que vigorava a ditadura militar. De acordo com o pesquisador, a mudança foi por uma questão propagandística. “Curitiba era uma das capitais brasileiras que não

Apresentação do livro "Monumentos de Curitiba" - 2° edição

Apresentação Há muito sentia-se falta de um inventário do patrimônio artístico e cultural nos logradouros e próprios públicos do Município de Curitiba.  Ei-lo: Monumentos de Curitiba, nossa pesquisa de mais de uma década, em que corremos a campo, percorrendo ruas, praças e prédios a fim de elencar, catalogar e fotografar as hermas, bustos, placas, monólitos, estátuas, fontes, repuxos, relógios, árvores preservadas, monumentos, obras de arte, enfim, tudo que esteja exposto publicamente e agregue valores culturais e históricos à memória da cidade.  No afã de ajudar em futuros estudos, restaurações, reposições, manutenções e análises, as fichas tendem a trazer informações mínimas, padronizadas e necessárias, acompanhadas de fotos dos principais bens. Nossa coleção pública é valiosa. Temos desde o monólito do séc. XVII de posse portuguesa sobre este território, na praça Tiradentes; a última argola de atracamento de cavalos do séc. XVIII, na rua de São Francisco; o primeiro

Vida e obra de Gehad Hajar (e-cultura)