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Prefácio ao livro "Lendas, Mitos e Cantigas do Folclore Infantil Brasileiro" organizado por Beth Capponi

Prefácio
O que faz de um povo, ser um Povo?

Ao som de ingênua cantiga
Gira, ligeira, uma roda.
Bailam cabelos de linho,
Brilha a cantiga nos olhos,
Saltam, leves, os pezinhos.
Os grandes cedros antigos,
Também, se põe a bailar:
Cantam os ramos no ar,
Dançam as sombras no chão.
Helena Kolody

O que nos aglomera e nos difere em grupos étnicos, países, povos e nações, senão a cultura?  Muito além de tons cutâneos e manifestações religiosas, os valores linguísticos e musicais unificam pessoas, formam tribos, desenvolvem povos que se tornam nações e, universais, contribuem para o mundo.
Na diáspora da espécie humana pela ocupação do globo, desde a mãe África até a América do Sul, caminharam os grupos humanos até chegarem a um acidente geográfico. Quem ousava se desafiar e atravessá-lo, formava um novo povo, que adquiria influências desse novo solo, clima e ambiente, se espalhando pelo território até o próximo desafio natural.
A cada adaptação, o fator de união eram os valores culturais, passados para gerações vindouras via tradições orais. Canções, ensalmos, jogos, mitos, orações, danças, ouvidas e vivenciadas pelos rebentos, formam o inconsciente coletivo das gentes.
A escrita é tardia, silente e patrimonializante; ao passo que a oralidade é dinâmica, viva e volátil.
Os acalantos que nos ninaram, as adivinhas que nos encucaram, as parlendas e mnemônias que nos ensinaram, os trava-línguas e tangolomangos que nos divertiram, os joguetes e cirandas que nos rodaram, as lendas e mitos que nos ligaram à nossa cultura materna. Nada mais nos faz um povo senão isso.
O Poema ‘Cantiga de Roda’ de nossa poetisa maior, Helena Kolody, é perfeito para portal deste organizado por Beth Capponi, ilustrado por sua irmã gêmea Yvy Capponi que, desde os tenros anos no oeste paranaense, carregam a abastada herança do bem brincar. 
Afinal, brincadeiras infantis sinalizam a alegria dos que merecem do destino uma infância feliz. Atividades pueris são memória destes dias do despontar da existência, onde a vida é um hino de amor.
Em suas mãos, essa acurada pesquisa congrega exemplos significativos destas peças lúdicas que nos justificam como brasileiros.

Gehad Ismail Hajar
Pesquisador e Pedagogo

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