Novo teatro será inaugurado na Rua São Francisco
Sala abre em imóvel histórico da antiga ferraria de Curitiba e homenageia o padrinho Rafael Greca de Macedo
Rua São Francisco, 179, centro histórico. No mesmo imóvel onde se ferravam as patas dos cavalos quando Curitiba ainda era uma vila – e a via era chamada de “rua do fogo” –, uma dezena de operários trabalha ruidosamente contra o tempo.
Tudo precisa ficar pronto pois a partir desta quarta-feira (25). A casa vai se transformar no mais novo teatro da cidade.
Batizada de Rafael Greca de Macedo, o espaço com capacidade para 42 pessoas receberá às 20 horas, numa sessão para convidados, o espetáculo “A Beira de...”, um monólogo escrito e interpretado pela atriz Christiane de Macedo. De 2008, o texto é inspirado na obra A Descoberta do Mundo, de Clarice Lispector.
O teatro que se abre, na verdade, é apenas parte de um centro cultural. Além da sala que leva o nome do ex-prefeito e “guardião” da cultura curitibana, há um segundo teatro, a sala Ítala Nandi para cerca de 100 assentos que vai receber 15 peças do Fringe durante o Festival de Curitiba. Há também uma filial do restaurante Ibérico na entrada e, nos fundos, vão funcionar um espaço de coworking e a sede da produtora Guairacá, dona do projeto.
A produtora é uma parceria dos produtores Gehad Hajar e Juliano de Paula Santos, que adquiriram a antiga residência e ateliê do escultor de origem escocesa Ricardo Tod (1963-2005), que tem cinco obras do museu do Louvre em Paris e é autor da fonte da saudade (o “cavalo babão”, ao lado do Relógio das Flores).
“É um imóvel de história pujante. A casa estava em ruínas e nós juntamos os cacos e conseguimos preservar. O palco está ainda quente e nós queremos juntar aqui os fazedores de cultura e de economia criativa”, disse Hajar.
Santos explica que o nome para batizar a sala, “pois não se pode negar que ele foi o gestor público que deixou uma marca de realizações na área da cultura”.
Espécie de padrinho do projeto, Rafael Greca se diz honrado com a homenagem e teoriza a respeitos dos papéis dos homens públicos no teatro político. Todo homem público tem que ser um entusiasta, um apaixonado e ser capaz de acender luzes e conviver com elas e também com as sombras. O teatro é o espaço da reflexão, o espelho onde a sociedade se reencontra e se enxerga e vê suas qualidades e defeito”, diz.
Greca disse que não irá “dar pitacos ou censurar” a programação da sala que leva seu nome. Para ele, a iniciativa do setor privado em abrir um teatro no centro substitui a atuação falha da gestão pública da cultura na cidade. Ele cita o caso do grande número de atores curitibanos com destaque no cenário nacional como exemplo. “Este pessoal todo estava na plateia e na escola quando montamos o Vampiro e a Polaquinha, quando trouxemos o Paulo Autran para fazer Rei Lear nas escolas públicas. Cultura faz bem e nós precisamos”, disse.