Saudação aos novos membros do baronato
– Soberana Ordem do Sapo.
por Gehad Hajar
28 de maio de 2014
Palacete dos Leões.
Vânia
Ennes, Grã-Mestra... etc. etc.
Boa
noite...
Quando, no transcurso do século XVIII, a
Câmara Municipal de Curitiba convocava “Homens Bons” para suas reuniões; Quando
a cidade era dividida entre “habitantes” e “homens de sã consciência”, conforme
a redação dos documentos da época, nada se buscava com essas nomenclaturas além
de nobilitar os residentes daquela desbravadora Curitiba, então a única cidade
portuguesa fundada em território espanhol, e responsável pelo empossamento luso
de todo sul;
Da mesma forma, quando o herói Comendador
Ildefonso Pereira Correia, Barão do Serro Azul (1849–1894), em 1882 funda o
Clube Curitibano, fez questão de talhar-lhe o lema: Malum Non Admite, “aqui não se admite o mal”: Aqui, somos todos
maiores que a mediocridade.
Curitiba, cujo gentílico de seus
moradores, antigamente, por vezes
chamados de “Sapos”, por vezes “Tingüis”, nunca viu um de seus filhos sapos
titulados: não havia nenhum curitibano entre os nove nobres paranaenses no
Império.
Mas Curitiba não deixou por menos:
batizava de barão quem lhe era grata.
O próprio filho do Barão do Serro Azul,
Ildefonsinho Serro Azul (1888–1949), era chamado por todos de “Barãozinho”...
Um imigrante espanhol do início do
século XX, o Señor Castellhano, proprietário de uma microempresa de
limpa-fossas, após enriquecer com o negócio e resolver alguns problemas
sanitários desta capital, foi alcunhado pela população de “Barão da Merda”...
E o maior poeta paranaense, depois do
príncipe Emiliano Pernetta (1866-1921), que foi Rodrigo Júnior (1886–1964),
assinava incólume e abstruso suas centenas de colunas na revista A Bomba com o alônimo dado por Curitiba:
“Barão da Flor de Alface”.
E este Barão da Flor de Alface, em 1925,
rememorou saudoso os sapos da Curitiba de outrora, na poesia:
Que é dos
sapos amigos
Da cidade
garota onde nasci?
Sapinhos e
sapões
Da Curitiba
de épocas passadas!
Cantores
líricos dos charcos,
Do Ivo e do
Belém!
Que é dos
sapos amigos?
Tenores e
barítonos
Da ópera
monótona das várzeas
Que tinha
por cenários de fundo
As
campinas, os vales e os pinheiros!
Oh, a
plangência coral dos batráquios roufenhos,
Dentro das
moitas grossas da carqueja,
Sobre a
alcatifa repousante do capim,
Entre os
joás
E as
florescências amarelas do catium!
Hoje,
somente uma rã decrepta,
Macróbia
cheia de saudade,
Recorda os
bichos verdes de outro tempo,
E
lastima-se a olhar a lua luminosa e redonda
Como um
balão de São João:
-
Que é da serenata dos amigos sapos?
Para onde foram eles?
Ai, é tão diferente essa vida de agora!
Como tudo mudou! (Curitiba) Já não há mais
banhado!...
Curitiba, hoje sem banhado e quase sem
rumo, clama por ações de quem verdadeiramente ame essa cidade e por ela está
disposto a plantar.
E por esse afã, que sodalícios como esta
Soberana Ordem do Sapo (desde 1898) se fazem necessárias. E seus membros imprescindíveis.
Como dizia Dom Pedro II, Soes barão,
para que não te esqueças dos ideais da verdadeira nobreza! Somos, hoje, os
“homens de sã consciência” daquela Curitiba do passado.
Sejam muito bem vindos, queridas novas
baronesas e queridos novos barões!
Na Curitiba de hoje, onde museus se
fecham, pinheiros e casas históricas são derrubados e a memória é revogada, é
preciso que sejamos maiores que a mediocridade.
Muito obrigado!
Gehad
Ismail Hajar
Barão de
Curitiba