Ando colecionando jovens. Explico. De uns tempos para cá – vai ver que por obra e graça das coincidências com as quais a vida nos brinda – dei de conhecer uma moçada sangue bom. São universitários ou recém-formados, não necessariamente da área da comunicação, superocupados – inclusive ocupados em fazer diferença no mundo, com perdão ao lugar comum. A expressão é essa mesma.
A série começou com os meninos do projeto Curitiba Space – Thomas Renan Lampe e Paulo Henrique Borges. O que propõem é uma barbada: um e outro são promotores da experiência urbana, expressão estilosa que na ação deles se traduz em “viver a cidade”. Pois eles vivem. Depois relatam o que viveram. Por fim, postam o resultado na internet, informando a quem queira fazer o mesmo. Não tomem o que fazem por coisa do outro mundo: esses guris andam em praças, conversam com gente comum, descem do ônibus um ponto antes do final.
Depois foi a vez de conhecer o Guilherme, Yuri e a turma que forma o coletivo Ambience. Na escala da evolução da juventude, são primos irmãos da turma do Curitiba Space. Tem lá suas vidas, nas engenharias e nas ciências sociais. Nos horários de ócio – justo os melhores – se embrenham pelas comunidades populares de Curitiba e produzem vídeos. O que querem em particular? Nada que caiba numa caixinha – sabem que devem cruzar fronteiras e ver o que tem do outro lado. É isso.
Para fechar a lista, dias desses ouvi por uma hora, mais ou menos, as ideias de Bruno Volpi, jovem líder do Impact Hub Curitiba, uma espécie de escritório criativo, balcão de ideias, usina de pensamento, incubadora… O que Bruno e sua trupe fazem é reunir gente que queira empreender, mas sem aquelas megalomanias que tornam o mundo um inferno de metas inatingíveis e ansiedade máxima. Assim como ocorreu com os demais, ouvi-lo equivale a rezar um Credo – “um credo na juventude”.
A esses todos, some-se o educador e advogado Gehad Hajar, que com amigos tão jovens quanto ele criou a Editora Guairacá, uma casa publicadora de histórias do Paraná. Vê-los revirando com paixão a memória dos velhos – como se fossem reedições de Ecléa Bosi, uma pioneira no gênero entre nós – lava a alma, como se dizia.
Tudo isso, nem é preciso dizer, tem a ver com a educação. Esses jovens vivazes passaram pelos bancos escolares. E vingaram, diríamos. Mas não é só isso que interessa dizer. Se me permitem, nós professores tendemos um “cadinho” à desvalorização da mocidade. Às vezes, o fazemos sem nos dar conta, dizendo que no nosso tempo era melhor ou que antigamente havia gente mais politizada. Já hoje… (...)