Você sabe o que
Mozart, Beethoven, Einstein e Leonardo da Vinci tinham em comum? Além de serem importantes nomes da história, eles apresentavam fortes traços desta síndrome.
Este tipo de sindrome é uma forma de TGD
(transtorno global de desenvolvimento), representando uma desordem neurobiológica
de origem genética. Suas origens ainda são objetos de estudo, uma vez que esta
sindrome só foi identificada como diagnóstico em 1994. É caracterizada pelo
indivíduo que porta pensamento concreto e interesse obsessivo por alguns temas
e desinteresse por outros, excelente memória e comportamento tido como
excêntrico.
Segundo Gehad Hajar, pedagogo e
pesquisador do departamento de psicologia da UFPR, uma pessoa com Asperger pode
ser vista através de comportamentos sociais atípicos, como a falta de percepção
de erros sociais (não entender os limites de uma brincadeira, de uma ofensa, de
um comentário), não compreender o sentido figurado (gírias, metáforas), falta
de intuição acerca de sentimentos alheios, etc. "Como cada portador tem um
traço característico, não há um padrão de tratamento a ser adotado, mas duas
linhas são comuns: a terapia comportamental, visando à diminuição das
obsessões, stress, rotinas duras e ansiedade e a medicação, para conter
depressão e ansiedade em alto grau", explica.
Atualmente, a maioria dos
pesquisadores a qualifica como uma das síndromes de espectro Autismo, mas ao
contrário do que ocorre no Autismo, pessoas que apresentam a Síndrome de Asperger
não apresentam consideráveis problemas no desenvolvimento da fala e não sofrem
com comprometimento cognitivo grave.
"A obsessão por temas
específicos e a aptidão em estudá-los exaustivamente faz dos seus portadores,
muitas vezes, expoentes em suas áreas de interesse. Pesquisadores acreditam que
entre os portadores estão os compositores Wolfgang Mozart e Beethoven,
cientistas como Isaac Newton, Albert Einstein e Charles Darwin, o pintor Michelangelo,
o polivalente Leonardo da Vinci, o político Al Gore, Bill Gates, e os filósofos
Sócrates e Nietzsche", conclui o pesquisador.
Como
identificar
Segundo Carine Eleutério, psicóloga e
mestre em saúde pela Universidade Federal de São Paulo, para descobrir se uma
criança é portadora da Síndrome de Asperger é preciso que os pais fiquem
atentos aos sinais. Os pacientes podem apresentar níveis de desenvolvimento
motor reduzidos e problemas como para manusear uma caneta para escrever.
Estruturam seu pensamento de forma bastante concreta e apresentam dificuldades
no processo de comunicação. Não sabem como usar os movimentos corporais e
demonstram dificuldades para realizar atividades que fogem à rotina. A pessoa
que possui a síndrome pode levar uma vida como a de qualquer outra, basta para
isso, ter acompanhamento de um profissional e força de vontade. É desta forma
que a filha da advogada Paula Balducci, citada no início da matéria, se relaciona
e interage socialmente com os amigos e familiares e conquista melhoras
significativas em sua comunicação. "Tentamos lidar com isso da mesma
maneira que lidamos com anseios e planos de nossos outros filhos, a
incentivamos para que se realize no que gosta e, para isso, damos nosso apoio e
suporte, no entanto, continua a receber intervenção, para que essas
realizações se tornem efetivas", finaliza a mãe.
Fontes:
- Gehad Hajar,
pedagogo e pesquisador do departamento de psicologia da UFPR
- Carine
Eleutério, psicóloga e mestre em saúde pela Unifesp
- Paula
Balducci, vice-presidente da ONG Autismo & Realidade www.autismoerealidade.com.br
Revista Alvo Leste, ano 7, nº 74, dezembro de 2012, págs 14 e 15.