Depois de servir de locação para o cinema, o desativado Presídio do Ahú é um dos 70 espaços do Festival de Curitiba. Receberá, no Fringe, a peça Memórias Torturadas – A Ditadura e o Cárcere no Paraná, idealizada por Gehad Hajar. Atrás daquelas paredes, realmente havia presos políticos na década de 70. E, em outubro, o local passa a abrigar o Centro Judiciário Civil.
“A plateia vê o início do espetáculo no pátio da antiga penitenciária, quando são convidados a imergir no edifício visitando as galerias”, antecipa Gehad Hajar, observando que entrar no Ahú é surpreendente e a intenção é despertar no espectador a sensação de perda da liberdade, ampliando o entendimento sobre a questão de ser preso político.
A peça conta a história de um homem e seu filho menor de idade que repentinamente são levados ao Ahú e passam a ser torturados. Na minúscula cela, estão três outros personagens, ideólogos, que desenrolam conversas acaloradas, e muitas vezes fraternais, revelando informações sobre a luta pela democratização do país que deu início na década de 80 com as Diretas Já. Esses diálogos trazem informações pouco conhecidas, como a secreta passagem de Che Guevara por Curitiba ou o esquema de guerrilha que se armava no Oeste paranaense.
Os fatos históricos são revelados e intercalam-se com as histórias pessoais e a angústia do cárcere humano. “É necessário compreender o valor da luta e do sangue vertido daqueles que deram suas vidas para que hoje tenhamos essa democracia. Entender o processo de democratização vai além de questões partidárias ou ideológicas, é saber sobre nossa identidade brasileira”, afirma Hajar, que assina a direção. No elenco, Carlos Vilas Boas, Paulo Hey, Martin Esteche, Ricardo Alberti e Ithamar Kirchner. Agende-se: 29, 30 e 31 deste mês e 5, 6 e 7 de abril, às 23h59. Ingressos a 30 e 15 reais
http://www.icnews.com.br/2012.03.16/variedades/diversao/presidio-do-ahu-sedia-teatro/