Vinda de estrangeiros pode favorecer profissionalização no Brasil
Dados do Ministério da Justiça apontam que nos seis primeiros meses do ano passado, o número de estrangeiros regulares no Brasil cresceu 52,5%. Já o número de imigrantes que pediram autorização para trabalhar no país aumentou 34% em comparação com o mesmo período de 2010.
São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte são os principais destinos dos estrangeiros, segundo dados do Observatório do Trabalho, da Secretaria Municipal do Trabalho e Emprego de Curitiba. As demais cidades buscadas pelos imigrantes são Brasília, Curitiba e Salvador.
Portugal foi o país que mais exportou mão de obra ao longo de 2011, segundo Gehad Hajar, assessor da Secretaria Municipal de Trabalho e Emprego de Curitiba. Ele conta que o número de trabalhadores formais em dezembro passado foi de 8.484. Desse total, a maioria (mais de 2.600 lusitanos) está concentrada no estado de São Paulo.
Economia impulsiona mudança
Um dos principais motivos para o número crescente de europeus migrando para trabalhar no Brasil é o fato de que a crise está “afugentando talentos”. Hajar, que também é pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR), comenta que chama a atenção o fato de que justamente os países que estão no foco da turbulência econômica são os que mais enviam profissionais ao Brasil. “Além de Portugal, há também um número significativo de trabalhadores vindo da Itália, Espanha e França”, diz.
Hajar destaca que a estabilidade econômica do país contribui para a atração de profissionais estrangeiros. “No fim do ano passado, o Brasil foi anunciado como a sexta maior economia do mundo e isso desperta o interesse das pessoas que estão enfrentando a crise”, fala Hajar.
O arquiteto Bruno Campos revela que é comum que o escritório em que ele trabalha em Belo Horizonte contrate, por meio de programas de intercâmbio, estudantes ou recém-formados com interesse em ter uma experiência em terras brasileiras. “Há alguns anos, recebíamos, em média, um currículo estrangeiro por mês. Atualmente, é um por dia – número maior que o de currículos brasileiros recebidos”, conta.
Campos diz que há casos de interessados que chegam a telefonar da Alemanha apenas para confirmar o recebimento do currículo. Ele atribui o aumento da procura à crise europeia e ao momento econômico do Brasil.
Formação superior
O arquiteto afirma que a qualificação dos estrangeiros é, na maioria, superior à média brasileira. “Não tem como negar que a formação dos europeus é muito boa. A diferença é grande para os profissionais nacionais”, garante.
Hajar diz que a vinda de mão de obra do exterior para o Brasil pode incentivar a profissionalização brasileira. “Já temos grande oferta de cursos e especializações, mas o número de interessados ainda não é tão representativo”, diz.
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