Gabriel Hamilko
Como os grandes jantares, que levavam multidões aos restaurantes de Santa Felicidade, estão proibidos pela legislação eleitoral este ano, o jeito é improvisar em pequenas estratégias, que são camufladas, como a descrita na página anterior.
Necessidade
Gehad Ismail Hajar é consultor político e é sempre requisitado para coordenar campanhas, para dar alguns conselhos aqui, táticas ali e, depois de participar de muitas eleições, adquiriu experiência suficiente para saber como lidar com esse meio, quase um ramo artístico, como define.
Na opinião de Hajar, o meio político é integrado por dois grupos. Primeiro os que vivem da política: são formados por famílias de tradição com nomes, que só de entrar na disputa já levam uma quantia considerável de votos. "Esse grupo necessita sempre permanecer no poder, não consegue ficar muito tempo longe dos caminhos da política, e é hereditário, o peso do nome vai passando de pai para filho, permanecendo gerações no cenário", define.
Existe ainda o segundo grupo, formado pelos que vivem de política, ou seja, que estão à procura de cargos comissionados, nomeações, assessorias. No caso dos eleitores os integrantes desse grupo definem seus candidatos pelo que eles têm "de melhor para oferecer", na maioria das vezes, assistencialismo ou pura compra de votos.
O consultor compartilha da opinião do colunista Zé Beto quando o assunto é a educação política do eleitor brasileiro. "A população votante no país só espera resultados individuais, aquilo que vai dar status para ele, e quando não é diretamente com ele, são benefícios que vão passar somente por sua rua, sua moradia, ou favores. O eleitor não tem a mínima idéia do papel do vereador", afirma.
E Gehad Hajar ainda completa: o eleitor só vota porque é obrigado, e isso não torna o Brasil um legítimo país democrático. "Democrático mesmo, seria se o eleitor pudesse votar conscientemente, sem essa obrigação de ter que escolher um nome, dando espaço para os políticos oportunistas e assistencialistas", diz. Mas uma coisa ele deixa claro, "em um país como o Brasil, se não existisse o voto obrigatório, as eleições seriam um fracasso".
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